Salto do olhar
Para ensinar a ler.
Rosaura Soligo
Os saltos do olhar
A compreensão da leitura depende da relação entre os olhos e o cérebro, processo que há longo tempo os estudiosos procuram entender. Nas últimas três décadas houve um avanço significativo nesse campo, mas ainda não se conseguiu desvendar inteiramente a complexidade do ato de ler.
Há mais de cem anos se descobriu que, ao ler, nossos olhos não deslizam linearmente sobre o texto impresso: eles dão saltos, em uma velocidade de cerca de 200 graus por segundo, três ou quatro vezes por segundo. É certo que, durante esses saltos, acontece um tipo de adivinhação, pois os olhos não estão de fato vendo tudo. O tempo de fixação dos olhos a cada vez é de cerca de 50 milésimos de segundo e a distância entre as fixações depende da dificuldade oferecida pelo material lido.
O que os olhos vêem depende muito do conhecimento do assunto. Quando lemos um texto cuja linguagem é fácil, ou cujo conteúdo é conhecido, podemos ler em silêncio até 200 palavras * In Cadernos da TV Escola – Português, MEC/SEED, 2000. por minuto — a leitura em voz alta demora mais, pois o movimento dos olhos é mais rápido que a emissão de palavras.
O processo de leitura depende de várias condições: a habilidade e o estilo pessoal do leitor, o objetivo da leitura, o nível de conhecimento prévio do assunto tratado e o nível de complexidade oferecido pelo
texto.
Em um mesmo espaço de tempo, os olhos irão captar de forma diferente a mesma quantidade de letras, dependendo da maneira pela qual elas são apresentadas: ao acaso, na forma de palavras, ou compondo um texto. Quanto mais os olhos puderem se apoiar no significado, ou seja, naquilo que faz sentido para quem vê, maior a eficácia da leitura.
Você sabia?
Em um mesmo intervalo de tempo, os olhos captam:
• aproximadamente 5 letras, em uma seqüência apresentada ao acaso;
• cerca de 10 a 12 letras, em palavras avulsas conhecidas;
• cerca de 25 letras (mais ou menos cinco palavras), quando se trata de um
texto com significado.